Conheça a rainha das uvas tintas, a fascinante Pinot Noir
A Pinot Noir é considerada a uva mais difícil de cultivar e de difícil adaptação, mas também é considerada como a uva que produz os vinhos mais elegantes do mundo, sem deixar de mencionar que desta uva provém os vinhos com borbulhas mais interessantes do mundo todo, os Champagnes.
Esta uva tem uma grande diferenciação com as outras tintas nobres: ela não pode ser misturada com outras uvas (exceto nos Champagnes) tintas, já que, como a sua maior virtude é sua sutileza, fazendo parte de um blend ficam ocultadas atrás da opulência e potência das outras uvas tintas.
Ela é considerada a uva “branca” dentro das tintas, e, deste ponto de vista, ela sempre está no extremo da macies e é o contraponto da uva Cabernet Sauvignon. Ao servi-la, ela se expressa melhor em baixas temperaturas; e quando se trata de Pinot Noir frutados, varietais (sem madeira) e simples, muitas vezes devem ser servidas à mesma temperatura que alguns vinhos brancos, ou seja, em torno dos 12°C – o que comparada com a Cabernet Sauvignon, que é servida na faixa dos 17°C ou 18°C, é uma diferença muito marcante.
Em termos climáticos, a Pinot Noir necessita, obrigatoriamente, de climas frios e secos, já que sua pele é muito fina e é altamente sensível às enfermidades provocadas pela umidade (como, por exemplo, a Botrytis Cinerea), razão pela qual tem sido muito difícil sua adaptação às outras regiões fora de seu berço, que é a maravilhosa Bourgogne.
Quando plantada em climas calorosos, seus vinhos são muito desequilibrados e falhos de acidez e seus aromas e sabores são extremamente maduros, lembrando a marmelada, o que, no caso desta uva, é considerado um fator negativo.
Uma característica importante da uva Pinot Noir é que ela tem uma mínima concentração de antocianinas (pigmento/cor) nas células da sua pele, portanto seus vinhos sempre têm um aspecto visual claro e algumas vezes quase rosado, o que por outro lado ajuda na sua característica e fama de produzir os vinhos mais sedosos e suaves do mundo – isto se deve aos seus taninos de textura muito aveludada, muito delicados.
Fora da Bourgogne, a Pinot Noir tem conseguido excelentes resultados nos Estados Unidos, onde Napa e Sonoma (em Califórnia) e Oregon são as regiões que mais se destacam. Em Nova Zelândia podem também se encontrar vinhos elaborados com uva Pinot Noir de altíssimo nível, principalmente os que provêm de Malborough, região vitivinícola localizada na parte norte da ilha do sul.
No caso da América do Sul, o Chile é o país que tem demostrado o maior avanço qualitativo com esta uva, e que tem ganhado grande destaque na última década. Isto principalmente devido à procura de climas mais frescos com influência marítima, o que favorece ao crescimento e à qualidade dos vinhos desta uva. Casablanca, localizada na metade do caminho entre Santiago e Valparaiso, é uma região já consagrada e com mais de uma dezena de produtores que têm tido muito sucesso com esta uva.
Já algo mais perto do oceano pacífico, na região de Sant Antonio, se encontra alguns dos Pinot Noir de maior qualidade deste país, o que se diferencia por seu caráter extremamente fresco e mineral. A mais recente região localizada a 400 quilômetros ao norte de Santiago, o Valle de Limarí, está também se destacando como um lugar muito interessante para a produção de grandes Pinot Noir.
A Argentina mesmo já tem se destacado com vinhos elaborados com esta uva e, embora que Mendoza seja considerada sua região emblemática já consolidada no mundo e amplamente conhecida pela Malbec, não tenha um clima apropriado para a produção desta uva (que gosta do frio). Os resultados na região do Rio Negro, na Patagônia Argentina, também são muito alentadores.
No Brasil, os produtores e vinícolas locais também têm manifestado certo interesse por esta variedade, e embora que todos concordem, nas dificuldades e alto custo de investimento em investigações, os resultados obtidos até agora no Rio Grande do Sul e na Serra Catarinense sugerem um futuro promissor.
Se quiser experimentar e desfrutar de toda a elegância desta fascinante uva, deixo aqui a dica de três Pinot Noir que eu gosto muito:
Bravado Wines Sofia Pinot Noir.
[author] [author_image timthumb=’on’]http://vinhoemprosa.com.br/wp-content/uploads/2012/12/alex2.jpg[/author_image] [author_info]Alex Ordenes é o único sul-americano titulado Sommelier Conseil pela Université Du Vin, em Suze la Rousse, na França. Não tem nada da vida que o fascine mais que os aromas dos vinhos e a magia que eles têm de estar em constante evolução e transformação. Também gosta muito de viajar, de elaborar vinhos, criar e fazer os blends das barricas… Gosta também de repassar seus conhecimentos, fruto de 20 anos de experiência, curtir a família e, é claro, de uma boa praia.[/author_info] [/author]
Prezado Alex, acompanhando seus comentários resolvi provar os vinhos da vinícola Bravado – Marina e Sofia. Realmente diferenciados dentro da mesmice as vezes encontrada nos vinhos atuais. Indico a todos a experiência! Abs e obrigado pelas dicas!
Wesley,
muito obrigado por confiar em nós e aceitar nossas sugestões. Temos outros vinhos que gostaria que você tivesse a oportunidade de degustar, com as mesmas características (em termos qualitativos) do vinho que tanto lhe agradou. Ou seja, vinhos de Autor pouco conhecidos, mas altamente pontuados e propostas muito interessantes, como:
Flaherty Assemblage 2008 (92 descorchados), Gillmore Carignan 2008 (93 RP), Loma Larga Malbec (92 Wine & Spirits e melhor Malbec de Chile segundo Descorchados), Facundo 2009 (90 Descorchados e da mesma vinícola que o Marina e Sofia);
Depois de experimentar alguns destes vinhos me conte sua experiência. Acredito que vai gostar muito deles!
Att,
Alex Ordenes.
Sommelier Conseil Buywine
Prezado Alex,
Recebi o Gillmore carignan pelo clube neste mês porém ainda não o abri. Não penso em degustá-lo agora pois acredito que possa ganhar com mais um tempo de adega. O que você acha?
Wesley,
o Gillmore Carignan é extraordinário e pode ficar ainda muito melhor, além de ter uma vida muito longa (que é uma característica muito particular dos vinhos desta vinícola e também dos vinhos do Vale do Maule). Recomendo que abra essa garrafa, e, como sei que vai adorar, compre todas que conseguir (já que temos apenas as últimas garrafas da safra 2008).
Wesley, é serio! Os socios do BW club estão esgotando com o Vigno Carignan, e duvido que o estoque dure mais de uma ou duas semanas.
PREZADO ALEX,
EU E MINHA ESPOSA SOMOS APAIXONADOS POR VINHOS PINOR NOIR.
ESTIVE NO CHILE POR VÁRIAS VEZES E JÁ FIZ A ROTA DOS VINHOS 3 VEZES. NO CHILE ENCONTREI UM PINOT NOIR CHAMADO “CONO SUR “. ACHO UM EXCELENTE VINHO. NO BRASIL ALGUMAS VEZES ENCONTREI MAS ERA O “CONO SUR BICICLETA” QUE PARA MIM NADA TEM A HAVER COM O OUTRO.
AONDE ENCONTRARIA O AUTENTICO “CONO SUR”.
ABRAÇOS,
MARCO ANTONIO
Prezado Marco Antônio,
Sobre o Pinot Noir, da Cono Sur, eles têm dois rótulos que são excelentes. O “20 barricas” e o “Icone”. Não lembro de ter visto estes vinhos no Brasil ultimamente. Se gosta de Pinot Noir de qualidade, tomo a liberdade de te sugerir um que, particularmente, adoro. Trata-se do “Tres Viñedos”, da Vinícola Casa Marín, que atualmente é a vinícola que consegue os melhores resultados com esta uva. À propósito, sobre o seu nome (Antonio) esta vinícola está localizada na melhor região do Chile para produzir alta qualidade com esta uva (Vale de San Antonio). Se tiver a oportunidade de degustar uma garrafa dele, tenho certeza que vai mais uma vez se apaixonar.
Atenciosamente,
Sommelier Conseil Buywine
Alex Ordenes
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